Escola Municipal Dora Abreu festeja 50 anos

Professora Ana Maria Rodrigues da Silva, ex-diretora, foi homenageada

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7 imagens Ana Maria: ex-diretora é a patrona da Feira do Livro

Uma das mais tradicionais escolas de Cachoeira do Sul quando se fala em preservação da cultura negra e debate sobre diversidade, a Escola Municipal Dora Abreu, no Bairro Carvalho, está nesta semana em festa para comemorar os seus 50 anos de criação.
Fundada em 5 de outubro de 1962 para atender principalmente as crianças carentes do Bairro Cristo Rei, a escola acabou com o passar dos anos sendo vista como um escola marginalizada, de pouca qualidade de ensino e até mesmo perigosa.
No entanto, o trabalho de resgate da cidadania e trabalho de prevenção ao álcool, drogas e prostituição fez mudar a realidade da Dora Abreu.
Hoje, a escola atende a 250 estudantes da educação infantil ao 9º ano do ensino fundamental e vem conseguindo mudar a visão que a comunidade tem da escola.
A diretora Maria Helena Leite de Souza, ressalta que os recursos tecnológicos e projetos disponíveis na escola foram fundamentais para auxiliar na melhora da educação dos alunos.
Maria Helena destaca ainda que nos últimos dois anos a escola passou por várias mudanças estruturais como novas salas, calçada, muro e acessibilidade. "A Secretaria de Educação está sempre pronta para nos atender e permitiu mudança que fizeram diferença na escola. Isso também contribui para melhorar o astral dentro da escola", ressalta a diretora.
AUTOESTIMA
Maria Helena e a vice-diretora, Marta Seibert Marim, que já trabalham na escola há mais de 20 anos, lembram que trabalho de resgate da cultura negra na escola já é feito há cerca de 30 anos. A baixa autoestima dos estudantes foi determinante para iniciar o trabalho. "Hoje, dentro da Escola Dora, não há cor, não há racismo e nem discriminação", afirma Marta.
Primeiro prédio da Dora era de madeira
O primeiro prédio da Escola Municipal Dora Abreu era nos fundos do Presídio Estadual de Cachoeira do Sul onde hoje está a Escola Municipal de Educação Infantil Cristo Rei e era todo de madeira.
Ele foi construído com o auxílio da comunidade a partir da ideia do casal Eloísa de Bem Vidal e Fernando Vidal. A escola atendeu as crianças neste local até 1977 quando ganhou o atual prédio.
Maria Helena relembra que funcionários antigos da escola contam que em dias frios, as crianças chegavam na escola e iam direto para a beira do fogão à lenha para se aquecer.
"Grande parte ia para a escola com poucas peças de roupa e de chinelos de dedo. Tinha uma funcionária que esperava as crianças com água quente para colocar os pés delas de molho para esquentar antes de começar as aulas", conta a diretora, emocionando-se com os momentos difíceis vividos pelos alunos da escola.

Primeiro prédio da Escola Dora Abreu
Uma homenagem a quem ajudou a mudar a cara da Escola Dora
Como patrona da 4ª Feira do Livro da Escola Dora Abreu, que acontece também nesta semana, a convidada foi a professora de Educação Física Ana Maria Rodrigues da Silva, 53 anos, que esteve na direção da escola entre os cargos de diretora e vice entre 1988 e 2008. Ana se aposentou a pouco mais de três anos mas lembra que enfrentou os tempos difíceis da escola.
"Convivemos em um tempo mais paternalista onde era preciso dar quase tudo para as famílias. Hoje não. Hoje as famílias buscam, vão à luta para conquistar o que precisam. A comunidade mudou a sua mentalidade e isso se deve a escola. Foi ela que ajudou a mudar esta realidade", enfatiza Ana Maria. Ana Maria, ainda atua 20 horas como professora de Educação Física na Escola Sagrado Coração de Jesus, no Piquiri.

FonteFonte: Jornal do Povo